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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Padronização Visual

Hoje, escrevo essas humildes linhas que ilustram seus monitores com uma puta preguiça. Mas fiquei sumido por muito tempo, e tenho certeza que 95% de vocês nem sabem que eu sou um dos co-autores desse blog, logo, chegou a hora da volta do que não foi.
Há alguns meses, decidi deixar meu cabelo sedosamente suave  crescer livre e sem interrupções maléficas das tesouras, verdadeiras armas de Satã para acabar com a paz na Terra e ameaçar a integridade física de nossos amados dedos. Mesmo assim, por ter tido a sorte de nascer com o cabelo ruim encaracolado, não obtive até agora tanto sucesso na minha tentativa de mudança estética.
Pois bem, na corrente sexta-feira, teoricamente o dia mais perfeito e fodasticamente foda da semana, encontrei uma prima minha, que não vejo há um bom tempo, me viu de madeixas bem mais compridas do que de costume anterior. “Só porque é  metaleiro, deixou o cabelo crescer, né Pedro?”
Fiquei duplamente ofendido. Em primeiro lugar, QUE ACÉFALO NA FACE DA TERRA inventou que para ter cabelo grande, de súbito, passa a preferir ouvir música pesada ou cantar músicas que adorem às trevas ou jurem lealdade ao cara-lá-de-baixo. Sim, porque metal é coisa do capeta (¬¬), e se você é cabeludo, você é uma figura maligna que come bebês no café da manhã.
Em segundo, mas não vascaíno menos importante, fiquei extremamente ofendido como verdadeiro fã do metal. Provavelmente, alguns de vocês estão me questionando: “Mas não acabou de se sentir ofendido por ter sido chamado de metaleiro?” Se você entendeu isso, lamento, vossa senhoria sofre de analfabetismo funcional. O que eu insisto em transmitir é que METALEIRO NÃO PRECISA TER CABELO GRANDE, e QUEM TEM CABELO GRANDE NÃO PRECISA SER METALEIRO.
Acho válido lembrar também que, para ouvir Restart, Cine e bandas afins adeptas ao Happy Rock, não é preciso você vestir uma calça roxa, colete laranja, camisa verde, óculos rosa, gravata azul ou sombrero púrpura. A opção por estilo musical é influenciada pelo comportamento e estilo da pessoa, não o contrário. Ninguém que ouve Emocore, por exemplo, passa da noite pro dia a andar de preto e fazendo apologias depressivas (?) e compartilhando histórias trágicas em blogs da internet qualquer semelhança é mera coincidência . Se esse é o seu caso, amigo, lamento informar-lhe que tu és um merda de um poser, que policia suas atitudes e reflexões comportamentais para que combinem com o estilo de música que seus amekenhos ouvem. Ou pior: o faz quando NENHUM dos seus inimigos ouvem, só para ser O Diferente e causar espanto ou inveja nos alheios. Tadinho. Contorcerá no palácio de Hades por toda a eternidade.
Só pra encerrar com uma historinha interessante: hoje, fui até a loteria pagar minhas intermináveis e cada vez mais absurdas contas e, na fila imensa, chega ao lugar seguinte ao meu um coroa, de fones nos ouvidos, grisalho, com barba e cabelo compridos, óculos escuros e uma camisa do Slayer. Contorci meu lábio num sorriso torto de aprovação. Passados alguns instantes de trânsito intenso na rua frente à loteria, o silêncio ecoou pelo ambiente, fazendo chegar até minhas lindas orelhinhas o som da música que o coroa ouvia: “If’s Lovin That You Want”, da época dourada da cantora Rihanna. Me impressionei. Confesso que fiquei curioso para saber afinal de contas quais eram as opções musicais daquele cidadão, e fiz menção de puxar assunto, mas pela primeira vez na história minha vez na fila chegou bem rápido.
Enfim, é isso o que eu tinha pra compartilhar. Duvido muito que você tenha tido paciência para ler até aqui, mas se teve, agradeço do fundo do meu rim. Prometo que dessa vez não sumo mais dessa forma, quer vocês queiram ou não. Beijos a todos, e sonhem comigo esta noite.


Ass.: Pedro Henrique

Um comentário:

  1. karai Pedro, tu é meio esporadico qnto a escrever pra cá, mas qndo escreve ... sai de baixoooo!!

    mto show sua abordagem sobre o tema, principalmente seus exemplos, bem consistentes, mas oq vc disse é isso msm, nós, como seres sociais q somos, sempre buscamos nas nossas diferenças encontrar semelhanças, a fim de nos definirmos, mas o problema surge qndo isso é feito de forma mecânica e coercitiva (pra quem nao sabe, obrigatória, taxativa), gerando assim, estereótipos q + isolam doq agrupam ...
    mais uma vz a bola rola para os nossos pés, pois depende de nós, se não acabar, diminuir essa ânsia de querer definir tudo no seu devido lugar!!!

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