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segunda-feira, 12 de março de 2012

Dois ouvidos, uma boca, um cérebro

“Lembre-se que Deus nos deu dois ouvidos e apenas uma boca, para ouvirmos mais e falarmos menos, só o que é necessário.”

conselhosAcho que todos já ouviram algo parecido com o ditado acima. É normal se ouvir na infância, quando advertidos por tagarelar sem parar e não ouvir conselhos de adultos. Pois bem, é verdade, nós temos dois ouvidos e uma boca. Sim, nós devemos ouvir mais do que falamos. Mas tem algo muito mais importante, que nunca se insere nos conselhos e nos puxões de orelha, um adendo ao ditado, que o qualifica e o torna mais importante: temos um cérebro.

Nosso cérebro vale mais do que qualquer outra parte de nosso corpo, e muitas vezes não o valorizamos. É bem verdade que não conseguimos usar a totalidade de nossa massa cinzenta, que vivemos sem conseguir usar mais que uma porcentagem – não me arriscarei em falar quanto usamos. E mesmo sendo uma pequena porcentagem, ainda vale mais do que a totalidade de todo o resto de nossa capacidade física. E não valorizamos.

Quando digo que não valorizamos nosso cérebro não me refiro ao viés físico, a esforço mental, a stress ou coisas do gênero. Refiro-me à nossa mania de meter os pés pelas mãos, de fazer o que dá na telha, de seguir instintos e não pensarmos mais que ao menos uma vez e meia. Quando não raciocinamos e não pensamos nas consequências de nossos atos, nos tornamos vulneráveis. Essa vulnerabilidade faz com que nossa qualidade de vida decresça continuamente e não possamos ter segurança em nada que façamos.

Além de não pensar no que fazer, outro problema que há em não valorizarmos nossa massa cinzenta é o de “ouvir mais e falar menos”. Só com auxílio de nossa consciência, de nossa razão, que conseguimos acertar em “ouvir mais e falar menos”. Aliás, se não pensamos, se fazemos qualquer coisa de qualquer jeito, não filtramos o que ouvimos nem o que falamos. E se não filtramos, não adianta ouvir mais, se significar ouvir mais idiotices, conselhos ruins, coisa que não acrescenta em nada... e falar menos não adiantará também, se o pouco que falarmos não for adicionar nada a nada, for só piorar as coisas, as pessoas, os assuntos, os momentos.

Para finalizar, peço que os amáveis leitores sigam aquela regrinha, aprendida na infância e repetida aqui no início do post, mas que lembrem que temos também um cérebro, e que o uso deste determinará se seremos felizes ou não em seguir a tal regrinha.

2 comentários:

  1. Nem sei se a regra do ouvir mais e falar menos é válida. Acho, claro, que ouvir e criticar é o essencial, mas receber, mastigar e não regurgitar é ainda muito pouco.
    O que quero dizer é que devemos falar MAIS do que ouvir. Receber, pensar, somar e redistribuir é o melhor movimento possível para as idéias. Quem sabe tenhamos dois ouvidos e uma boca pra ouvir muitos lados e, a partir deles, falar uma só nova coisa.

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    1. Gostei do seu ponto de vista, Daniel.
      Acho que você se focou na criação, na mente criativa. E para isso, acho correto dizer que ouvir vários lados da mesma moeda é ótima, para falarmos (criarmos) algo novo.
      Lanço uma questão para você, tomara que respondas e continuemos a discussão:

      O valor, a finalidade, do conhecimento é apenas nossa intervenção, nossa criação? Aprendemos para ensinar, aprendemos para nos satisfazermos, aprendemos para criar ou aprendemos apenas para nos surpreendermos?

      Por hora, apenas estas questões. Abçs

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