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segunda-feira, 19 de março de 2012

Falta de Educação?–Parte 1

Faço este post, um pouquinho atrasado. Atrasado não porque prometi ter postado algo antes, mas porque já é habitual que eu demore, no máximo, cinco dias para atualizar o conteúdo do blog. Enfim, estive passando por um período de bloqueio criativo, ao mesmo tempo em que começava minha primeira semana de aulas na graduação em filosofia. Acho que as muitas questões naturais da filosofia que prejudicaram, no melhor uso do termo, minha frequência no blog.

Ao mesmo tempo em que demorei, acho que as mesmas questões me fizeram bem, por isso encaro o prejuízo como benéfico, me possibilitando frear o fluxo de informações e pensar mais apuradamente, antes de começar a escrever. Fico feliz por voltar, com este post, que propõe uma discussão de um conceito que merece ser posto à tona, a educação.

É normal, principalmente na infância, que recebamos prescrições, aconselhamentos, e até mesmo correções, mediante ao que fazemos ou não fazemos. A partir destas experiências, mais tarde percebemos que foram todos instrumentos constituintes do que chamamos de educação. Muito do que constitui nosso comportamento, nossos costumes, nosso linguajar e nossos dogmas é parte da educação que recebemos, dos pais, parentes próximos, professores.

Enfim, quaisquer que sejam os responsáveis, nós todos temos uma educação, um conjunto de regras sociais e morais a seguir, uma base para a vivência e sociedade. Isso é óbvio, e eu poderia terminar o post por aqui se estivesse apenas pensando em falar sobre isso. Mas existe algo que chama mais minha atenção. Se for mesmo sabido o que é a educação, o que caracterizaria a falta de educação?

Pois bem, você pode me responder que é fácil. Que aquele que não segue o conjunto de “leis” que mencionei, em determinado momento, se torna mal educado. Aquele que não sabe se portar, ter a postura correta, que uma boa educação proporciona, tem falta de educação. Talvez se você sustenta este argumento, possas até estar correto, mas não por completo.

Se pensarmos neste conjunto de leis morais e sociais, percebemos que ele não é instituído. Seria talvez inventado, ou uma convenção, mas não existe. Existe código de ética, limitações, mas para exemplos banais de “falta de educação” não existe um código de regras e leis que torne a mesma uma falta de educação, propriamente. Darei dois exemplos.

cuspe1O primeiro exemplo é o do cuspe. Sempre quando eu era pequeno, até uns doze anos, ia jogar bola na quadra, com outras crianças, e sempre que corríamos e estávamos cansados, cuspíamos no chão. Tornava-se um hábito. O chefe da equipe cuspia, fazia até pose. Todos os outros repetiam, um a um, sem que fosse obrigação, apenas pelo prazer ou qualquer coisa que a infância proporciona. Lembro que quando saíamos daquele momento, daquele lugar, não tínhamos mais o hábito de cuspir no chão. Uma vez até cuspi, quando chegava em casa, no chão. Minha mãe, na mesma hora, me advertiu, dizendo que era falta de educação cuspir no chão, que era errado.

O segundo exemplo é um que até hoje faço. Não sei o porquê, ninguém propriamente me ensinou, mas acho que todos vocês também devem fazer. O hábito de não entrar calçado na casa de outros, quando se visita. Lembro que, quando era criança, entrar descalço ou calçado não fazia a menor diferença. Mas o tempo foi passando e, como que naturalmente, para seguir o que todos sempre faziam, e me sentir educado, comecei a tirar os sapatos para entrar na casa de outros.

Cito os dois exemplos porque não há um código ético, institucionalizado, de que não seja educado cuspir no chão ou entrar descalço na casa de outros. Há apenas as convenções sociais, que nós mesmos aplicamos e criamos, que validam os conceitos do que é ou não é educado. Não digo que isto é errado, mas partindo desse pressuposto, entendemos o que é realmente “falta de educação”.

O post está ficando imenso e precisarei fazer uma segunda parte. Na segunda direi realmente o que penso ser “falta de educação”. Aguardem, comentem, compartilhem, curtam, e sejam felizes. Espero que a leitura abra os olhos dos leitores para coisas antes não notadas.

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